Aniversário Infantil
Dores do Indaiá - MG
Heitor | 6 anos
Tenho sim, um olhar observador que me credencia enquanto fotógrafa (mais ainda, como fotógrafa que não se deixa levar pelo puro e simples registro). Não sou dona de falsas modéstias.
O processo de curadoria de um trabalho é intenso e cuidadoso. É subjetivo. Escolher o que vai ser tratado e entregue é uma grande seleção. Mas escolher o que vai ser mostrado como meu portfólio daquele projeto específico é ainda mais criterioso, porque o crivo é maior, é mais delicado. Trata-se de uma relação muito peculiar entre o que vi, o que senti (e sinto agora, ao novamente olhar para as imagens), e o que desejo, com isso, despertar em quem me acessa. Confesso que, na maior parte das vezes, esse desejo é incompreensível até para mim, é uma incógnita, algo inconsciente que vou deixando ter vida própria. Vou soltando as rédeas, sem intenção.
Depois deste devaneio preliminar, digo que observar o Heitor em seu aniversário de seis anos junto com sua família e seus amigos, correndo "praqui e pralí" é um exercício para os olhos, para o corpo (foca, clica, enquadra, empunha a câmera, baixa a câmera, agacha, levanta, um olho no gato o outro no peixe e por aí vai), para o cérebro, para o espírito. Presenciar as pessoas em suas relações, as crianças, de forma especial, apenas sendo crianças, com todas as suas vontades mais puras e sua lealdade a essas vontades... Cócegas pro meu coração bobo.
Enfim... Encontro na fotografia um caminho. Aliás, vários. Para dentro de mim também. Caminhos retilíneos, cheios de curva, devastados e também férteis. A fotografia é ferramenta.