Cândida | Ensaio Feminino

O que é uma casa vazia? Um papel em branco? A sua alma quando silencia profundamente? Uma pausa longa e respeitosa.

Um estado de não-vigília, um lugar sem chão, sem teto e sem paredes, o esvaziamento do julgamento até de si mesmo.

Fruto oco, ausência de propósito, fluidez… apenas o aguçamento dos sentidos do corpo.

É bom visitar esse lugar, esse espaço, esse formato de existência. Esvaziar. Libertar-se. Soltar a mão do controle. Abandonar-se.

…

Vou contar que a vida é assim. Não estamos no controle.

Foi novo pra mim fazer retratos da Cândida. Por várias razões. E o novo nos tira do controle que achamos que temos.

Foi novo pra ela também. Precisou confiança e liberdade, essa dupla que tanto admiro, especialmente quando coexistem numa relação.

É novo se ver num retrato feito pelo olhar do outro. O que será que se vê? O que se esconde? O que se quer mostrar? Do que é interessante se desfazer, se despir?

Não há respostas. Não é preciso que se tenha.