Retrato Feminino
Dores do Indaiá - MG
Andrezza
Ninguém sai incólume dos 40 anos. Superstição? Eu diria que não, já tendo me reconhecido Loba. Parece que alguém, além de nós, passa a existir aqui dentro, cochichando algumas coisas, gritando outras. Mas sempre comunicando. E aí a gente pára pra ouvir. Quer entender. Deseja algo que ultrapassa o simplesmente agir.
Andrezza, prestes a entrar nesse novo ciclo, minha amiga tão querida, me procurou dizendo que queria se ver, através do meu olhar. Surpresa com o fato de se perceber muitíssimo bem aos 40 (o contrário do que imaginava ser, tendo como base as "senhoras quarentonas" que habitaram sua infância), ela enxergou, na fotografia, um portal de autoconhecimento. Como de fato é.
Queria se ver sozinha e eu a entendi perfeitamente. Pausar os papeis de mãe, de esposa, de profissional, de tudo quanto há que a vida vai inventando pra gente. Chegava a hora de parar com atenção e se olhar com honestidade e abertura, despir-se de julgamentos, até mesmo os próprios. Afinal, a última década foi mesmo intensa, com alegrias e dores, conquistas e perdas. E, pensando bem, apesar de tantos processos atravessados, parecia mais fácil e também mais lindamente intrigante fazer 40 do que 30.
Então, como sempre despida de julgamentos e acompanhada por sentimentos muito nobres, registrei essa mulher maravilhosa e admirável que é Andrezza. Um misto de menina intempestuosa e custosa e moça dinâmica, criativa, inquieta, impaciente, e com um colo do tamanho do mundo.
Ela me disse, depois, que a experiência lhe apresentou uma nova ela mesma que ela não conhecia muito bem. Mas que estavam se tornando boas amigas.